sábado, 15 de setembro de 2007

Mulheres famosas apelam aos líderes mundiais para que exijam um cessar-fogo em Darfur

Algumas das mais proeminentes mulheres do Mundo apelaram hoje aos líderes mundiais para que exijam um cessar-fogo em Darfur

Desta lista constam conhecidos nomes de mulheres portuguesas como: Maria Barroso, Ana Gomes, Isabel Jonet, Manuela Ferreira Leite, Mariza e Rosa Mota.

Numa carta aberta publicada ontem em jornais internacionais, em vésperas do Dia Mundial por Darfur, vinte e seis mulheres – oito das quais acabaram de regressar dos campos de refugiados na zona Este do Chade – sublinham que o sofrimento das mulheres neste conflito é “muitas vezes negligenciado”.

A carta chama a atenção para o facto da recente resolução do Conselho de Seguranças das Nações Unidas nada ter mudado. Apelam à comunidade internacional “a não desviar o olhar num momento em que a situação se deteriora” e para incrementar “a pressão junto de todas as partes envolvidas no conflito, no sentido de acordarem um cessar-fogo imediato.

A carta é publicada na véspera do quarto “Dia Mundial por Darfur”, em que milhares de pessoas no Mundo irão pedir uma acção urgente para fazer frente às sucessivas mortes e violações na província sudanesa. Estão marcados eventos em mais de 30 países por todo o Mundo.

Entre as signatárias da carta encontram-se membros de parlamentos, responsáveis por agências da ONU, profissionais do meio académico, actrizes e activistas de referência. Este grupo de mulheres inclui nomes como:

Mia Farrow – actriz e activista pelo Darfur
Mary Robinson – antiga Presidente da Irlanda e responsável pela viagem de um grupo de mulheres à região na semana passada
Anita Roddick – criadora da Body Shop (que assinou a carta antes da sua súbita morte no início desta semana)
Cate Blanchett - actriz
Kerry Kennedy – fundadora do Robert F Kennedy Memorial Centre for Human Rights
Honorable Asha Hagi Elmi Amin - membro do Parlamento Transitório da Somália
Chimamanda Ngozi Adichie – escritora
Elle MacPherson – modelo e actriz

Estas mulheres apelam aos líderes mundiais para que utilizem a próxima Assembleia-Geral das Nações Unidas para pressionar todas as partes envolvidas a pôr um ponto final na violência. A carta conclui:

Este é o momento para os líderes mundiais irem além de uma preocupação pelo sofrimento. Agora, é altura de pará-lo.

VERSÃO INTEGRAL DA CARTA

A crise no Darfur e na zona Este do Chade é hoje uma das piores crises humanitárias do Mundo. A comunidade internacional não deve desviar o olhar no momento em que a situação se deteriora.

Embora congratulemos a decisão das Nações Unidas que estabelece uma força de manutenção de paz da ONU e da União Africana, é improvável que esta só esteja completamente operacional nos próximos 12-18 meses. O acordo da criação desta força levou, também, parte da comunidade internacional a acreditar que fizeram tudo o que poderia ser feito.

Oito de nós acabamos de regressar dos campos na zona Este do Chade, e para as mulheres que encontramos, cujo sofrimento é muitas vezes negligenciado, esta resolução nada mudou.

A insegurança continua. Cada vez mais pessoas em Darfur e no Chade necessitam ajuda, e as organizações humanitárias deparam-se com crescentes dificuldades em mantê-las vivas.

Amanhã, 16 de Setembro, milhares de pessoas celebrarão o quarto Dia Mundial pelo Darfur. Irão exigir uma acção urgente para enfrentar os sucessivos assassinatos, violações e o contínuo atentado à vida na província sudanesa.

Como mulheres de quatro continentes, apelamos aos líderes mundiais para incrementarem a pressão junto de todas as parte envolvidas no conflito, no sentido de acordarem um cessar-fogo imediato. É necessária uma maior e melhor ajuda humanitária e um compromisso forte para a paz e reconstrução. Existe, hoje, uma janela de oportunidade para agir: na reunião de alto nível sobre Darfur que irá decorrer em Nova Iorque, no dia 21 de Setembro, na Assembleia-Geral das Nações Unidas.

Uma solução política abrangente é, obviamente, necessária. Mas um cessar-fogo efectivo é a única maneira de parar imediatamente com o sofrimento que atinge milhões de pessoas em Darfur e na zona Este do Chade. Este é o momento para os líderes mundiais irem além de uma preocupação pelo sofrimento. Agora, é altura de pará-lo.

Lista de signatárias:

Chimamanda Ngozi Adichie, Escritora, (Nigéria)
Hon. Asha Hagi Elmi Amin, Membro do Parlamento Transitório da Somália, (Somália)
Maria Barroso, Presidente da Fundação Pro Dignitate, (Portugal)
Cate Blanchett, Actriz, (EUA)
Dr Herta Deaubler-Gmelin, Membro do Parlamento Alemão, (Alemanha)
Bineta Diop, Directora da Femmes Africa Solidarité, (Mali)
Mia Farrow, Actriz e Activista pelos Direitos Humanos, (Reino Unido)
Mariella Frostrup, Jornalista e Apresentadora, (Reino Unido)
Ana Gomes, Deputada ao Parlamento Europeu (Portugal)
Germaine Greer, Escritora, Apresentadora e Professora (Austrália)
Isabel Jonet, Presidente da Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares contra a Fome, (Portugal)
Musimbi Kanyoro, Secretária-Geral da World YWCA, (Quénia)
Angelique Kidjo, Cantora, (Benim)
Kathleen Kennedy Townsend, Antiga Governadora de Maryland, (EUA)
Kerry Kennedy, Fundadora do Robert F Kennedy Memorial Center for Human Rights, (EUA)
Manuela Ferreira Leite, Antiga Ministra das Finanças, (Portugal)
Mariza, Cantora e Embaixadora da UNICEF, (Portugal)
Elle MacPherson, Modelo e Actriz (Austrália)
Rosa Mota, Antiga Atleta, (Portugal)
Dr. Ngozi Okonjo-Iweala, Distinguished Fellow, Brookings Institute, (Nigéria)
Eva Padberg, Modelo, (Alemanha)
Sigrid Rausing, Fundadora do Sigrid Rausing Trust, (Suécia)
Mary Robinson, Presidente da Realizing Rights, (Irlanda)
Dame Anita Roddick, Empresária e Fundadora da Body Shop (Reino Unido)
Deborah Scroggins, Escritora, (EUA)
Jane Wales, Presidente do World Affairs Council of Northern California, (EUA)

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